domingo, 6 de fevereiro de 2011

A escola

Nunca fui da turma das crianças burrinhas. Também nunca estive na ala dos Einstein!

Sempre fiquei em cima do muro. Raras foram as vezes que passei por média, mas nunca perdi um ano. Sempre dava um jeito de me virar no final, no fatídico quarto bimestre...

É que comunicativa de nascença que sou, sempre preferi travar conversas no meio da sala a prestar atenção na aula que se seguia.

Na pré-escola frequentei um maternal próximo de casa, chamado Balão Mágico. Lá tive a honra de ser a "Rainha do Milho". Era o mais alto cargo da monarquia das festas de Juninas!!!

Depois dessa escolinha fui estudar no Colégio Tilim, cuja dona era madrinha do meu irmão. Na verdade ainda é, embora esse negócio de padrinhos seja uma coisa bem estranha. Os nossos pais escolhem para nos batizar pessoas que naquela época da vida tinham alguma importância. Eu por exemplo, acho que vi os meus padrinhos somente na igreja na hora do batismo.

Lá no Tilim era muito legal.... lembro de contar as horas para o intervalo e tenho lembranças também das festas juninas. Lá eu conheci aquela que seria minha grande e melhor amiga por muitos anos. Hoje, a referência de melhor amiga se perde um pouco na distância que nos separa e nas opções profissionais que fizemos. Mas certamente Priscila Escossia Pegado é essencialmente minha grande amiga, com quem mantive por muitos anos um alfabeto escrito exclusivo, comunicação por códigos, para que ninguém soubesse o que escrevíamos nas cartinhas uma para a outra. Segredinhos de menina.

Depois do Tilim fui estudar no Complexo Educacional Henrique Castriciano, anexo à Escola Doméstica de Natal. Era mais ou menos assim.... meninas de boa família criadas para casar e procriar estudavam na Doméstica - uma escola só para mulheres. Todas as outras estudavam no Henrique, colégio misto, moderno, imensoooooo. Foi no HC que comecei a entender o que era o amor. Porque mais de uma vez por ano entre a Quarta (1990) e a Oitava Série (1994) tive paixonites platônicas por muitos, muiiiiitos colegas de classe.

Algumas lembranças do Henrique são o Festival de Sorvete (que me levou ao hospital com uma infecção intestinal), os jogos internos, os jogos externos, quando íamos para o Marista ou Salesiano ver os jogos das nossas equipes, e claro, ver os meninos do Marista! ah!!!!!! Tinha ainda o Bosque do colégio, a equipe do Nado Sincronizado Juvenil "B". O coordenador Neto que corria o tempo inteiro atrás dos mais revoltadinhos. A Tia Lúcia, o diretor Alexandre. Até que era bom ser filha de professora.... tinha lá suas regalias. Foi o melhor colégio que estudei.

Pequena Infância

A infância foi uma delícia. Contava os dias para o fim das aulas em Dezembro porque as férias duravam em média uns 3 meses. As férias em Natal são mais conhecidas como "veraneio"! O tal veraneio era bom demais. Acordar cedinho, toda a primarada para a beira da praia. Aquela casa cheia de crianças, organizadas em grupinhos. O grupo dos pré-adolescentes. O grupo dos meninos que brincavam de comandos em ação. O grupo das meninas que brincavam de barbie - no qual, às vezes, eu ficava de fora, simplesmente por ter nascido em 81 e não em 79!!!

A praia da Redinha, a casa da Tia Carminha (ou alguma outra alugada), com o privilégio de estar ao lado das Dunas de Jenipabu, quintal de casa.

O pocinho da mini praia de Santa Rita, que me traz à memória uma lua cheia linda em época de namoricos disputados com as primas. A porção de batata frita no bar ao lado da casa. E o carrinho de sorvetes ... eu achava o máximo quando um dos tios falava para o sorveteiro descansar porque iríamos acabar com o sorvete ali mesmo. Melhor ainda que o sorvete eram as cocadas! Ahhhhh, aquelas cocadas!

São muitas outras lembranças, como encontros no Center Dunas, os grandes shows no Portal, quando o Netinho era da Banda Beijo e fazia o maior sucesso, Ivete Sangalo nem existia, mas Chiclete com Banana já era fenômeno.

E quando as nossas primeiras micaretas eram no bloco "Aids Nós", que apesar do nome fazia uma referência à preocupação com a nova doença que matava muito rápido e que já havia contaminado famosos e anônimos. Tinha até trio elétrico. Áureos Tempos da redinha que não voltam mais! Quem não lembra: "Com Aids Nós ai ai, com Aids Nós oooo, pulando com a camisinha, com todo cuidado, fazendo amorrrrr"!!!!! Eu tinha uns 11 anos e não fazia noção da referência nada poética para o nome do bloco.

E no meio do veraneio (já que ele durava uns 3 meses), geralmente emendava o carnaval. Folia da mais clássica!!!! Matinê no Portal! Fantasias costuradas pela Tia Lourdinha. Aquele bloco de gente suja da lama do mangue que sempre me assustava!!!! Papangusssssss!!!!

E quando voltávamos para Natal, também era hora da Volta às Aulas!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

20/5/1981

Era maio de 1981 quando ao mundo cheguei. Quis Deus que eu nascesse de pais nordestinos, originários de uma linhagem proletária, na cidade de Natal, estado do Rio Grande do Norte. Era por volta de 13 horas. Fui batizada pela comunhão criativa entre o nome da obstetra Ana Marina e da Maternidade Santa Helena, ao menos é o que me contam. E graças ao bom Deus, dei sorte. Nesse dia, 20/05/1981, Ana Helena Gomes Assunção chegou por aqui: a "menina-flor" da minha mãe, a "nena" dos primos, a "anilina" na época do colégio, a "Nelena", entre outros.

Ana Helena até que é um nome interessante!

Quando digo que "dei sorte" é porque lembro a mania esquisita que o nordestino tem de criar nomes compostos que não combinam entre si. Eu sou filha do meio, nascida entre o Gustavo Cesar e a Daniela Cristina!!! Se essa pequena amostra soa estranha imagina só o vasto cardápio de nomes pitorescos que as famílias costumam escolher para os pequenos rebentos do nordeste do país.

Só podem copiar esses nomes de novelas mexicanas... e quando não o fazem, buscam inspiração na forte ligação religiosa, tão forte que chega a ser engraçado. Minha avó, por exemplo, teve vários filhos. Achou bonitinho que todos os homens fossem José. Tenho tios chamados José Augusto, José Diniz. E todas as tias fossems Marias, incluindo a minha mãe, a Maria Lúcia, irmã da Maria do Carmo, da Maria de Lourdes e como se não bastasse, veio um casal de gêmeos e pasmem.... batizou os bebês de José Maria (que Deus o tenha - era um tio espetacular) e Maria José. Sorte do predestinado caçula que nasceu Francisco de Assis.